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Eu Sei porque Você não Consegue Amar a Deus


Texto por: Arthur Martins | Fotografia: Harrison Haines


Há alguns anos fui ver John Piper pregar em São Paulo. Naquele dia, ganhei um livro dele chamado “Deus é o Evangelho”. Piper propõe que a salvação tem como objetivo levar o homem à comunhão com Deus. O próprio Deus é o Evangelho.


O Evangelho conta a História Eterna, que tem início antes da fundação do mundo, perpassa a criação e acontecimentos históricos da humanidade, e termina dando desfecho a tudo que existe na eternidade.


O Evangelho é pano de fundo onde a história da humanidade acontece.

Mas por que Deus é o Evangelho? Porque o que o Evangelho revela ao homem são coisas que Deus fez e falou, está fazendo e falando, e fará e falará. Para quem? Para o mundo inteiro, especialmente para a sua igreja. O Evangelho mostra quem Deus é através de suas ações e palavras. Quando o Evangelho é torcido, a graça nos falta, pois graça emana da fiel revelação do ser de Deus.


O maior ato de amor divino é sua auto-revelação. Se Deus não tivesse escolhido se dar a conhecer ao homem, se apresentando a ele pela revelação do Evangelho, o homem nunca poderia encontrá-lo. Deus estava escondido da razão e dos afetos humanos. O pecado cegou a humanidade inteira, e Deus estava invisível até mesmo para os olhos do coração.


Mas Deus se auto-revelou. Ele quebrou o silêncio, ou antes, o barulho, rasgou o isulfilm, brilhou Sua glória, mostrou as caras, se fez visto e compreendido através da pessoa de Jesus Cristo e sua postura neste mundo. Deus é o Evangelho, e por isso, é que a deturpação do Evangelho, por menor que seja, é abominável, desprezível, uma verdadeira aberração. Se o Evangelho é torcido, Deus já não é mais revelado, pois a descrição feita é de um ídolo criado pela mente humana, segundo seus desejos egoístas.


Jesus disse a Pedro que ele estava certo em dizer “Tu és o Cristo, Filho do Deus Vivo!”, mas faz uma constatação em seguida: “não foi carne ou sangue que te revelou.” Nenhum ser humano pode descobrir quem é Deus, nem mesmo mostrar esse segredo a outro ser humano. Deus não pode ser “descoberto”, como um sujeito passivo, que estava escondido, e então alguém o encontrou. Deus pode apenas ser conhecido se Ele se deixar descobrir, ou seja, revelar-se.


Deus não pode ser apresentado a outro ser humano com palavras humanas, pois nem toda a linguagem de todos os vocabulários de todos os dialetos poderiam descrevê-lo, ou antes, convencer a mente humana. Deus só pode ser conhecido por outro ser humano se Ele desejar ser apresentado a alguém por meio das palavras que o descrevem corretamente, que são as suas próprias palavras, as Palavras de Deus, ou, também conhecido como “o Evangelho”.


Assim, o Evangelho é assunto de mais elevada importância. Não é tópico secundário na teologia, antes, toda a teologia aponta, ou deveria sinalizar o Evangelho.

Todas as doutrinas acham seu significado nele, porque Deus é o Evangelho. O Evangelho não pode ser entendido e crido genuinamente pelo mero esforço do intelecto. Ele é fácil de entender, mas não de crer com o coração. Você pode entender que eu lavei minhas mãos com sabonete de limão, mas não pode apostar sua vida nesse acontecimento.


Você não consegue crer que o que eu fiz com as mãos, a água e o sabonete salvarão tua alma e toda a esperança do universo está nesse fato. Primeiro, porque esse fato não tem esse poder, segundo, que para crer que um fato é digno do teu martírio, depende de uma força soberana sobre a sua vontade, que quebre teu desejo, tua confiança em outra coisa/pessoa, e te dê uma convicção mais forte que a vida ou que a realidade. Essa força soberana é a graça irresistível de Deus, que agindo, quebra toda resistência humana, “pois quem resiste à Sua vontade?” (Romanos 9:19).


Quando o Evangelho é esquecido ou misturado, Deus é perdido. O homem perde uma visão de Sua glória, e volta para aquele lugar depressivo onde tenta praticar a vida espiritual por meio de seus esforços. Porque a força da vida espiritual está na revelação de Deus, quando o Evangelho - que é a revelação de Deus - é esquecido, o homem volta a depender de si mesmo para andar com Deus. Claro, ele não consegue. Desanima de Cristo, e o acha pequeno, impotente, distante, surdo e indiferente a nós.


Um dos maiores buracos que a mente de um crente pode cair é a afirmação secreta em seu coração “mas eu já conheço o Evangelho”. Pode ser verdade. Mas você está fascinado o suficiente? Quebrantado por ele? Transformado por ele? Empoderado e fortalecido por ele? Apoderado por ele? Ele é sua vida pulsante na alma e nas ações mais ordinárias?

Deus nos deu o Evangelho para nos lembrarmos diariamente, e sob ele, o adorarmos no Espírito, vencendo a carne. Deus é o Evangelho. Esquecer o Evangelho é tropeçar em Cristo. “Os que buscaram ser aceitos diante de Deus pelas suas ações, tropeçaram na pedra de tropeço [Jesus].” (Romanos 9:31-32).


Crente, você está tropeçando em Cristo, porque “já sabe o Evangelho”?



 

Arthur Martins é casado com Marô Vasques. Escreveu para os volumes 01 e 02 da Revista CULTIVAR & GUARDAR. É pastor na República - Igreja Presbiteriana em Curitiba, PR.

 

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