Texto por: Lucas César Ribas | Fotografia: Olya Kobruseva
Muitas vezes ouvi a frase "o mundo da arte é corrompido" ao tentar dialogar sobre o envolvimento de cristãos na cultura e na cena artística, sempre como argumento para retirá-los do ambiente artístico para "protegê-los".
Temos a tendência em criar na nossa imaginação uma ideia de espaços sagrados e profanos enquanto vivemos fechados nos "templos", e nessa tentativa de nos proteger da tentação e do erro caímos no pecado da omissão, pois, assim privamos o mundo da presença cristã.
Escondemos as lâmpadas, ocultamos suas luzes em um mundo que está cheio de trevas em todas suas esferas (Mt 5.15).
A ignorância artística e cultural é ópio para cristãos permanecerem distantes de uma comunicação e atividade efetivamente saudável com a sociedade, é alienação em uma fantasia que nada tem de divina.
Não devemos nos isolar da cultura e da cena artística, precisamos entendê-la e ter uma presença fiel a Deus nela.
Para isso, é necessário não sermos cristãos superficiais que não conhecem a Bíblia direito nem se dedicam a uma vida de devoção.
Precisamos conhecer profundamente a Deus à medida em que nos envolvemos com o mundo ao nosso redor, onde temos a oportunidade de manifestar Sua beleza e um lugar de paz no meio da angústia, espalhando a verdade e o verdadeiro amor que vai além das palavras e manifesta o mundo porvir no hoje.
Ok, então resolvemos ter maior presença no mundo artístico. Como fazemos isso? Devemos fazer uma guerra cultural ou nos engajar com a cultura? Há muito a refletir sobre isso, mas um ótimo caminho é a presença que sabe o momento de calar e falar, que assume uma posição fiel, reconhecendo que a graça divina permeia todo o mundo, inclusive o da cena artística.
Porém, ao mesmo tempo, não é ingênua, e sabe se posicionar com respeito, sabedoria proverbial e bíblica sem negociar valores no contexto de pessoas descrentes ou de diferentes crenças religiosas.
E quando estivermos transitando pelas atmosferas culturais não devemos ter o desejo colonizador furioso por dominar o mundo da arte, nem ter o medo de ser consumidos pelas pessoas não cristãs como se elas estivessem prontas a nos devorar.
Jesus já foi entronizado no céu e governa as nações, Ele é e sempre foi o Senhor da esfera de domínio da cultura e arte, apenas devemos viver nos envolvendo nela de maneira a demonstrar isso com nosso estilo de vida.
E, por onde andarmos jamais devemos nos envergonhar do evangelho, contextualizando-o nos diferentes ambientes em que transitamos.
Lucas César Ribas é artista visual e seminarista. Serve na Família dos Que Creem, em Curitiba, PR.
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