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A Moda é Importante para Deus


Texto por: Ana K. | Fotografia: Lina Kivaka



A moda faz parte da manifestação individual, cultural, religiosa e social das pessoas, comunicando, por meio das roupas, o seu lugar no mundo. Julgo essa ser uma das profissões mais complexas para se tratar dentro da igreja visto que o meio cristão, ou senso comum evangélico, carrega e reproduz vários rótulos equivocados a respeito da moda e do seu real significado.


Diante disso, precisamos esclarecer o lugar das roupas na história de Deus e o valor dado por Ele na expressão criativa da imagem humana. Como cristãos, carecemos despertar para a verdade de que o mandato cultural também diz respeito à excelência na construção do vestuário e no ato de se vestir.


Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus, a Bíblia nos relata que imediatamente eles vestiram folhas de figueira para se cobrir (Gn 3). Uma das maiores particularidades da moda está no seu poder de comunicação e, sendo assim, a atitude de colocar roupas no Éden nos mostra que eles não eram mais as mesmas pessoas, que algo havia mudado.


A Bíblia não nos deixa totalmente claro o porquê do pecado introduzir a consciência da nudez, o porquê antes não havia necessidade do uso de vestimentas e agora há. Contudo, ela demonstra que no exato momento em que o pecado entrou na história da humanidade, eles perceberam uma carência e, imediatamente, quiseram cobri-la.


As roupas de folhas de figueira foram um marco na separação do homem com Deus e expressavam a sua nova natureza, agora subjugada pelo pecado.

A etimologia do termo “moda” vem do latim modus e designa a maneira de fazer algo, em particular de vestir-se, comer, falar, etc. A moda nada mais é do que a expressão particular de cada indivíduo comunicada por meio de roupas; elas cumprem a função de serem objetos de diferenciação, elas expressam a nossa identidade na forma visual.


No mesmo capítulo onde toda a narrativa da atitude pecaminosa do homem e da mulher acontece, Deus ao inferir sua sentença de juízo, veste Adão e Eva antes de expulsá-los do jardim. A Bíblia nos conta que “O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher” (Gn 3,21).


Porque Deus os vestiu? Porque ele se deu ao trabalho de colocar suas mãos no pecado deles para simplesmente trocá-los de roupa?

Entre tantos significados que a moda tem na nossa sociedade, ela é uma forma de nos lembrar quem nós somos e de quem Deus é. Através dela podemos expressar beleza e vida, como também, pecado e morte.


Como igreja, nosso papel nessa área é manifestar a criatividade, justiça e beleza de Deus, produzindo uma moda que se preocupe com o meio em que vivemos e com o outro. As tendências do mundo fashion moldam o comportamento de sociedades inteiras; pense se tivéssemos a capacidade de lançar tendências que trazem beleza e bondade para o mundo, sem necessidade da sensualidade, por exemplo.


Nos últimos anos, a discussão que está em alta diz respeito aos processos incorretos na indústria da moda. A indústria têxtil é uma enorme máquina que gera milhões em receitas por ano, diante disso, já se chegou à conclusão de que a indústria da moda é a segunda que mais polui e descarta anualmente, seguindo atrás apenas do setor petroleiro. Como igreja, de que maneira estamos atuando para mudar isso?


Aqui podemos voltar à pergunta feita inicialmente e responder: O que Deus estava comunicando quando se deu ao trabalho de trocar Adão e Eva, substituindo as roupas de folhas de figueira por roupas de pele, dizia respeito a um testemunho público de que o próprio Deus, um dia, iria nos tornar aquilo que deveríamos ser.


As vestimentas testemunham o abismo que há entre o que somos e o que deveríamos ser, mas elas também nos apontam o propósito redentor de Deus, por meio das vestes novas que Ele mesmo nos dará por meio da cruz de Cristo.

As roupas que vestimos hoje são só a expressão de um reflexo falho e incompleto de quem nós somos, assim como a sua indústria, cheia de imperfeições e insustentável nos seus processos.


Ao mesmo tempo, o vestuário nos lembra que é possível manifestar a glória e a beleza de Deus por meio dele, enquanto nós aguardamos o seu retorno. Fica provado por meio da narrativa bíblica que a moda, de fato, é importante para Deus.


 

Ana K. é formada em Moda, graduanda em Sociologia, com tutoria Filosófica e Teologia pelo Invisible College. É fundadora e professora do Instituto Liberdade para Amélia. Ana K é casada com Neto, mãe da menina Olívia e fazem parte da Igreja Presbiteriana de Curitiba.






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