Por: Fabiano Krehnke | Fotografia: Ketut Subyanto

Nós somos parte de algo maior; participamos da maior história de todos os tempos — aquela que guia, orienta, conduz e se desdobra em todas as histórias de todas as pessoas do universo. Aqueles que são encontrados e inseridos nessa grande história estão agora dando continuidade à narrativa mais incrível que já existiu, e, enquanto habitantes dessa terra, talvez possamos resumir nossa missão em duas atividades: amar e servir.
Retornando às primeiras séries de ensino fundamental da língua portuguesa, lembraremos que essas duas palavras são verbos, e um verbo é uma palavra de ação. Ninguém pode amar passivamente, e definitivamente não podemos servir passivamente — cada um desses objetivos requer ação. Eu não sei o que você pensa sobre isso, mas por tudo o que recebi nessa vida, não consigo me contentar em ser apenas um espectador, alguém passivo na história. Meu desejo é ser alguém de ação, ser parte de um coletivo, uma comunidade cheia de participantes ativos que estão dando os próximos passos.
Que comunidade poderia viver assim senão um povo redimido? A maior libertação que um ser humano pode receber é a possibilidade de não viver mais unicamente para si mesmo, e isso só alguém que foi inserido sem méritos em uma família composta por pessoas de todas as tribos, raças, línguas, povos e nações pode experimentar. Uma história criada e uma realidade definida pelo Senhor de todas as eras, o Cristo, aquele que se entregou voluntariamente — ele disse “sim” e comprometeu-se com sua palavra.

Por seu nascimento, vida, obra, morte e ressureição, Jesus Cristo nos dá um padrão a ser seguido, um modelo de alguém que serviu e foi o próprio objeto do serviço, alguém que amou e é o amor em pessoa.
Cristo nos insere na grande história, chamando todos os seus discípulos a exceder em justiça — Ele eleva o padrão de tudo — e quando o encontramos, voluntariedade é uma das consequências, um elemento indispensável para nos tornarmos semelhantes a Ele, que se ofereceu voluntariamente e nos mostrou que ser um voluntário é ir além, fazer mais do que o esperado ou devido, é ser um instrumento de graça — favor imerecido.
O salmista Davi nos ensina que um coração voluntário é o que pode sustentar a alegria da nossa salvação (Salmos 51:12). De um ponto de vista cristão, serviço e amor que não recebem nada em troca são justificativas para a nossa existência, uma vida de voluntariado é intrínseca ao caráter de alguém que foi livre de si mesmo pela morte de outro em seu lugar — ato que nos trouxe grande alegria, a qual só pode ser mantida acessa em nós através da imitação do Salvador, uma voluntariedade genuína de todo aquele que recebeu esse maravilhoso presente.
Tanto a razão pela qual nos oferecemos em amor e serviço voluntário quanto a forma e os valores pelos quais o fazemos importam muito. O amor é o motivo de tudo que fazemos.
Nunca podemos perder as pessoas de vista, elas são o alvo do nosso serviço. Amar é revelar nossas intenções e sentimentos em atitudes práticas.
A criatividade é parte de todo ser humano — todo problema que se apresenta a nós é uma oportunidade para criar algo genial. A beleza caracteriza nosso trabalho; Deus é um Deus de coisas belas e tudo o que criou é bom ou muito bom. A excelência é ensinada pelo Criador, devemos fazer o melhor dentro das condições que temos hoje.
A integridade é representada pela verdade e transparência acima de tudo — não devemos fazer nada de qualquer jeito ou pela metade. A perfeição se torna nossa meta. Não aquela inalcançável, mas um resultado completo, realizado em obediência completa e fiel àquilo que já alcançamos ou sabemos.
O objetivo não é o trabalho em si. Somos chamados a ser parte uns dos outros, inclusive trabalhando. É impossível nascer de Cristo, ser parte do Seu Corpo e não participar da sua natureza de voluntariedade, sendo um mero espectador. A formação de um coração voluntário não pode ser condicionado por influências externas, ele nasce de uma experiência real com Deus e é revelado pelo quanto de Cristo conhecemos e temos dentro de nós.
Fabiano Krehnke é fundador e editor-chefe da Revista CULTIVAR & GUARDAR, juntamente com sua esposa Jaqueline. É bacharel em Teologia, fotógrafo, músico e pastor na Família dos que Creem, em Curitiba - PR.
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