Texto Por: Luzia Gavina | Foto: Eva Elijas
A cada novo período da história novas crises surgem; a cada crise, novas perguntas que o mundo faz e a igreja busca responder. Mas como temos respondido aos dilemas da sociedade nesse tempo?
Deus nunca deixou de intervir e ter voz na história ao longo das inúmeras crises que a humanidade já enfrentou, mas muitas vezes, movimentos religiosos, na tentativa de dialogarem com a sociedade, negociaram sua fé a fim de darem as respostas que o mundo desejava ouvir. Um erro crasso que contribuiu, por exemplo, com o avanço do Racionalismo Cristão e o esfriamento da igreja em alguns períodos da história.
O Racionalismo Cristão, movimento cultural moderno, buscava explicar a verdade a partir da razão, relativizando inúmeros aspectos da fé cristã como a divindade e os milagres de Jesus.
Hoje vemos uma movimentação que, ao contrário do racionalismo, promove um discurso que se dá a partir de “Jesus”, mas um Jesus histórico que pode adotar as mais diversas personalidades; um Jesus como o personagem do filme “Fragmentado”, capaz de assumir várias personas, instrumentalizado a favor dos ideais daquele que profere o Seu nome.
Muitos discursos e narrativas se formam em torno do Jesus negro, o Jesus gay, o Jesus mulher, o Jesus favelado, etc. Qual a sua pauta? Apenas isso já é suficiente para se criar uma narrativa oportunista. Infelizmente a igreja também não está imune a essa prática.
Quantas pregações apresentam um deus na forma que os nossos desejos e valores buscam servir? Discursos sobre um messias formado a partir das nossas expectativas, nossas experiências, nossos ideais; que fala aquilo que queremos ouvir e resolve os nossos problemas.
O mandamento sobre não criar e adorar imagens não trata apenas do ato literal de fazer uma escultura e lhe prestar culto. As definições de bezerro de ouro foram atualizadas na modernidade.
Hoje criamos deuses a partir de qualquer imagem, pessoa ou pensamento e o intitulamos de Jesus, ou messias. Enquanto isso, uma voz ecoa: "Adore! Esse é o Deus que te tirou do Egito"
(parafraseando Êxodo); ou: "Esse aqui é o verdadeiro Jesus, eu garanto. Pode seguir essa causa".
Qual será a nossa postura diante dessa situação? Aderir ao catálogo e escolher o Jesus que corresponde às minhas ideias? Ou mergulhar no conhecimento de um Deus que pode não corresponder às minhas expectativas e até discordar das minhas opiniões?
Todas as religiões falam de deuses distantes em sua grandeza e imortalidade. O Deus cristão é o único que, apesar de sua grandeza transcendental, deseja revelar-se e relacionar-se com suas criaturas, permitindo ser conhecido por elas.
Nosso Deus é pai, é acessível, é amor, mas Ele não é mutável a partir dos nossos desejos limitados e superficiais.
“Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! (...) Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense? Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas". Rm 11: 33-36.
A única maneira de reconhecer algo falso, seja uma coisa ou uma pessoa, é conhecendo o verdadeiro. Se não conhecemos a verdade sobre quem Deus é, corremos um sério risco de criarmos para nós um deus à nossa imagem, tornando-nos semelhantes a ele: tendo boca, não falam; tendo olhos, mas não veem. Tendo ouvidos, não ouvem; narizes têm, mas não cheiram". (Salmos 115:5,6).
Francis Schaeffer costumava dizer que “perguntas honestas merecem respostas honestas”. Devemos nos contextualizar e dialogar com as mais diversas esferas sociais, mas sem nos conformar com a mentalidade caída desse mundo (Rm 12:2).
Essa honestidade em responder à sociedade não se encaixa nos novos padrões desse tempo, mas pode expressar a paz e a justiça que o mundo não pode gerar, acolhendo e libertando pessoas de mentiras e quebrando todo tipo de sofismas e discursos oportunistas que usam o nome de Jesus em vão.
Assim, conhecendo e prosseguindo em conhecê-Lo, apontaremos de forma clara e fiel o único caminho que leva ao verdadeiro Deus, Jesus Cristo, nosso único Senhor e Salvador.
Luzia Gavina é professora e pedagoga. Casada com Bruno, é mãe do Calebe e do Estevão. Luzia é líder de jovens na Comunidade do Rei em São Gonçalo, Rio de Janeiro.
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