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A Primeira Mãe

Por: Prisca Lessa | Fotografia: Flora Westbrook



Gerar uma criança é, sem dúvidas, uma das experiências mais incríveis e assombrosas que existem no mundo. Quão sublime é saber que Deus soprou vida em nosso ventre, que há ossos se formando e se entrelaçando, bem dentro de nós.


Nós sabemos como é esse processo, vimos outras mulheres passarem por isso antes; fomos graciosamente amparadas pela experiência daquelas que foram mães antes de nós.


Mas, como deve ter sido para a primeira mãe, Eva? Imagine como foi para a primeira mulher, gerar e dar à luz um filho. Perceber algo estranho acontecendo dentro de si, constatar que, de repente, seu corpo já não era seu.


Sentir alguns chutes e empurrões, ter desejos estranhos, sono inexplicável, ver sua disposição diminuir e seu tamanho aumentar repentinamente. Sentir dores desconhecidas e dar à luz a um menino. Eva, sem dúvidas, experimentou a maternidade de um modo muito singular.


Eva, a primeira mãe, não contou com a experiência de outras mulheres antes de si. Eva não teve ao seu lado uma mãe, uma sogra, amigas ou qualquer rede de apoio. Não havia aplicativo de gestação para acompanhar as semanas, nem cursos sobre maternidade e sono do bebê.

Não havia livrarias para comprar livros sobre educação de filhos, nem conselheiros para lhe ajudar a lidar com a indisciplina.


Eva não teve nada disso, mas teve tudo, tudo o que precisava para cumprir a sua missão: a bondade e a misericórdia de Deus, que mesmo em face do pecado não a desamparou em momento algum.

O que poderia ser maior e mais confortante do que isso? O Deus que fez ossos e vida se formarem em seu ventre acompanhou toda a sua gestação, esteve com ela, no momento do parto, no pós-parto e em cada dia ordinário debaixo do sol. Que consolo!


Embora possamos contar com infinitos recursos e apoio no exercício da nossa maternidade, precisamos nos lembrar constantemente de que a nossa provisão e capacitação vem do alto. Os meios dos quais dispomos e as pessoas com quem contamos são importantes, mas não devem ser fundamentais, ou seja, nossa maternidade não deve se fundamentar neles.


Boas escolas, ensino domiciliar, métodos de alimentação, sono, alfabetização, aulas de idiomas, métodos de ensino, todas essas coisas são importantes, mas jamais devem ser o fundamento.


Talvez você seja uma mãe que conta com todos esses recursos: rede de apoio, cursos, orientação e toda estrutura necessária para cuidar dos seus filhos. Ou, talvez, você seja uma mãe que não dispõe disso e isso te aflige. Seja qual for a situação, tudo o que mais precisamos nós já recebemos, gratuitamente e ininterruptamente: a promessa de que o Senhor não nos desampará em nenhuma circunstância (Hb 13:5). Fiel é esta promessa.


O mesmo Deus que sustentou a primeira mãe, é Aquele que sustenta a mim e a você.

Ele não é indiferente às nossas necessidades, medos, inseguranças maternas. Ele sabe do que precisamos. Não há absolutamente nada, nem ninguém que possa substituir sua presença e ação em nossas vidas. O Deus de Eva também é o nosso Deus e Ele prometeu que estará conosco até o fim de nossa jornada para o cumprimento de nossa missão.


Que os nossos olhos e corações encontrem descanso naquele que sustenta a vida dentro e fora do nosso ventre.



 

Prisca Lessa é teóloga e educadora cristã. Fundadora do Teologia Para Mulheres. Casada com Luís e mãe do Asaph. Serve na Igreja Presbiteriana em Vargem Grande Paulista, SP.




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