Texto por: Gabriela Marold
"Para os solteiros, sorte no amor, nenhuma esperança perdida. Para os casados, nenhuma briga, paz e sossego na vida…”
Esse é o trecho menos conhecido da canção "Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo”, de Francisco Alves e David Nasser. A parte que a maioria das pessoas conhece é aquela que diz: "Que tudo se realize no ano que vai nascer. Muito dinheiro no bolso, saúde prá dar e vender…”
E quem não deseja saúde, vida financeira e sentimental equilibrada para o próximo ano? Principalmente depois de mais um ano envolvendo pandemia, perdas, e abalos nas mais variadas áreas. Há, porém, no raiar de um novo ano, um feixe de esperança. Esperamos por dias melhores e e que projetos, metas e sonhos saiam do papel.
O ano de 2021 seguiu nos mostrando o óbvio — que não temos o controle de absolutamente nada — e isso não significa que devemos abandonar as resoluções de ano novo. Planejar os nossos dias, ancorando a confiança no Senhor, sempre será benéfico.
É curioso que ao experimentarmos o nascer de apenas mais um dia, temos a expectativa de que, de fato, estamos adentrando em um novo tempo, um novo ano. Não são apenas mais 24 horas, são um mar de oportunidades para realinharmos o nosso coração e calibrarmos os nossos amores da forma correta.
As listas
As resoluções, metas e projetos para o novo ano são, além de educativos, funcionais. Ao fim do próximo ano (ou no decorrer dele) já conseguiremos avaliar os nossos avanços ou, então, enxergar as falhas e identificar aquilo que nos impediu de darmos checks em nossas listas. Não cumprir com algumas resoluções de ano novo nos mostra que, muitas vezes, não possuímos determinação suficiente para levá-las a cabo, ou que não temos controle sobre eventos externos que entram no caminho. Ainda assim, podemos, a cada nova estação, tentar mais uma vez. Não existe uma prestação de contas oficial a cada fim de ano, mas deve haver uma reflexão.
Entretanto há algo que precisamos nos lembrar: existe uma prestação de contas que todos nós precisamos estar cientes de que acontecerá! Tim Challies diz:
“Você não traz nada a este mundo; também não leva nada embora deste mundo; e, a rigor, não possui nada nesse meio tempo. Tudo o que você possui, na verdade, pertence a Deus, que simplesmente lhe empresta por um tempo. Você administra [é um mordomo]. Deus é dono de tudo, mas Ele delega a administração a você. Deus lhe dá o que é dele e o instrui a fazer essas coisas bem, a usá-las de maneira compatível com os desejos e propósitos dele. […] A diferença entre um dono e um mordomo é, basicamente, a prestação de contas. [1]
Todas as coisas pertencem a Deus. Nós administramos e prestaremos contas a Ele. Mais importante do que qualquer lista anual, é ter em mente que, para sermos bons mordomos, precisamos buscar a sabedoria que está nele.
O nosso objetivo está na eternidade, em investir naquilo que não é passageiro. Assim, usamos os nossos talentos e recursos, tais como tempo, finanças e serviço, para glorificar a Deus, que é o fim principal do homem.
A nossa responsabilidade
"Tomou, pois, o Senhor Deus o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar…”(Gn 2:15). Cultivar e guardar são ações que exigem cuidado e zelo. Ao entendermos o nosso papel enquanto administradores daquilo que o Senhor nos deu, seremos mais cuidadosos no nosso trabalho e em nossas relações; teremos uma mentalidade de serviço e entrega e não apenas de cumprimento de obrigações… Tudo para a glória dele. Somos administradores, servos do Dono do tempo.
O Senhor, abundante em graça, nos presenteou com dons e talentos que poderemos desfrutar para o nosso bem, e para o bem comum.
Ao administrarmos de forma fiel tudo aquilo que Ele nos concedeu, estaremos honrando o nosso bom Mestre. Não se trata de uma lista de tarefas, nem de um comportamento organizado versus desordenado, mas de uma postura que entende que cada novo dia, cada novo ano, é uma nova oportunidade de glorificarmos ao Senhor em cada detalhe.
Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor (Rm 14:8).
O meu desejo para 2022, contrário à canção tradicional de Ano Novo, não é ter uma vida matrimonial sem brigas, e dias de sossego apenas para o meu bem-estar. Quero que o meu relacionamento com o meu marido, por exemplo, seja cheio de paz e encharcado de amor para que este relacionamento aponte para Cristo — o marido perfeito. Assim como cada circunstância, cada item da minha lista de resoluções, metas e sonhos para o novo ano. Que tudo reflita uma vida que busca a glória de Deus. Que tudo gere resultados eternos, independentemente do dinheiro no bolso ou da saúde plena.
A finalidade
Um novo dia, um novo ano. Eis um novo tempo para nos humilharmos diante do nosso Senhor e avaliarmos o que ainda podemos melhorar e buscarmos ações efetivas que glorifiquem em tudo a Ele.
Um novo dia, um novo ano para colocarmos diante de Deus as nossas petições, sabendo que nele já possuímos tudo aquilo que precisamos.
Que cada novo ano traga um novo check na nossa "prestação de contas oficial", aquela que ocorrerá naquele grande dia. Mais fiéis, tementes a Deus e obedientes aos Seus mandamentos.
"Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e guarde os seus mandamentos, pois isso é o essencial para o homem” (Ec 12:13).
Feliz Ano Novo diante da face do Senhor.
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Notas:
CHALLIES, Tim / BYERS Josh. Teologia Visual. Thomas Nelson Brasil, 2016.
Gabriela Marold é jornalista, redatora e editora de conteúdo da CULTIVAR & GUARDAR. Casada com Juliano, é mãe da Sarah e do Daniel. Serve na Família dos que Creem em Curitiba, PR.
excelente texto, que possamos ser os melhores mordomos honrando o nosso Senhor