Texto por: Gabriela Marold | Fotografia: Jaqueline Krehnke
Se puder, fique em casa! Depois do “lave bem as mãos”, essa tem sido uma das frases mais usadas e ouvidas em tempos de pandemia. O isolamento social é desafiador e uma das formas de amenizar o fato de que não é mais possível usufruir do direito de ir e de vir, é tornando esses dias mais leves, produtivos, e, na medida do possível, com algumas novidades.
Cozinhar é uma arte antiga, mas para muitas pessoas, tornou-se algo novo. E o ato de preparar uma refeição se transformou em uma linguagem do amor. O serviço como ato de amor já era conhecido, agora, porém, o “simples” tem voltado à tona.
O artesanal, sem pressa e caseiro voltou a ocupar um lugar que não deveria ter sido perdido.
Juntar elementos simples e saciar a fome. Farinha, sal, água e fermento unidos entre si, nos ensinam que mesmo em meio a um tempo de incertezas, o aconchego das relações ainda nos traz esperança. Do caos surge a beleza da partilha. Partir o pão carinhosamente feito e recém-assado ficará no imaginário das boas coisas a que tivemos que nos adaptar nessa quarentena.
E foi assim desde o princípio. Onde havia caos, surgiu a beleza. De uma terra sem forma e vazia, surgiu algo incrível e impossível de não ser contemplado. O Criador desde sempre transforma as situações aos nosso redor para nos transformar internamente.
O “Pão nosso” representa algo que vai além de saciar a fome. O foco está no compartilhar. Com a impossibilidade de aglomerações o essencial retomou seu lugar primordial.
Ao redor de cada mesa, as famílias estão voltando a se olhar nos olhos.
E ao voltarmos ao lugar de simplicidade compreendemos que não precisamos nos entregar à preocupação angustiante que assola o mundo. Não devemos andar ansiosos por coisa alguma, pois temos a garantia de que o nosso Senhor – o Pão da Vida – nos sustenta, nos sacia e cuida daquilo sobre o que não temos o controle.
Assim como a massa que precisa descansar, crescer, ter o forno previamente aquecido para que asse com tudo aquilo que lhe é necessário, em nossos processos, sabemos que todas as coisas estão sob o controle daquele que nunca erra.
Se a pandemia nos levou à reflexão de que a brevidade da vida é um fato, nos trouxe também saudades de momentos corriqueiros que não eram tão valorizados. Que nos dias que virão, em que tudo voltará relativamente ao normal, não venhamos a nos esquecer de manter os bons hábitos reaprendidos nesses dias, desde hábitos de higiene até o costume de nos alegrar com mais um dia de vida, sentindo cheiro de pão quentinho e de esperança.
*Texto postado originalmente na Revista CULTIVAR & GUARDAR, edição amostra. Volume 00.
Receita Pão 10 dobras
Ingredientes:
• 500g de farinha de trigo
• 350g de água
• 10g de sal
• 5g de fermento biológico seco
Preparo:
Junte todos os ingredientes e misture com as mãos até que a massa fique homogênea;
Cubra a massa e deixe descansar por 10 minutos;
Retire o pano, molhe as mãos e puxe, de fora para dentro, a massa por 10 vezes (essas são as 10 dobras);
Cubra novamente e deixe descansar por 10 minutos;
Repita este processo por 4 vezes ( as 10 dobras na massa e os 10 minutos de descanso)
Após a quarta vez, deixe a massa descansar por 60 minutos;
Modele o pão, coloque-o em uma panela com papel antiaderente por 45 minutos;
Enquanto isso, aqueça o forno a 250ºC;
Faça cortes na massa, abaixe o fogo para 220ºC, tampe a panela e asse por 25 minutos;
Retire a tampa e asse por mais 20 minutos.
O pão estará dourado, crocante por fora e macio por dentro.
(Receita criada pelo canal Projeto Banquete)
Gabriela Marold é jornalista, redatora e editora de conteúdo da CULTIVAR & GUARDAR. Casada com Juliano, é mãe da Sarah e do Daniel. Serve na Família dos que Creem em Curitiba, PR.
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