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Homofobia e Postura Cristã



Texto por: Luzia Gavina | Foto: Priscilla Du Preez


Que postura deveríamos ter como cristãos em eventos como "A Semana do Orgulho LGBTQIA+"? Na verdade, pra além de um texto ou publicação, devemos nos perguntar sobre a nossa postura acerca desse assunto todos os dias.


No contexto super polarizado que vivemos hoje, não é de se estranhar que essa também seja uma discussão que evidencia posições extremas no meio cristão. De um lado, vemos cristãos que, na tentativa de abraçar e não discriminar pessoas LGBTQIA+, lançam fora o valor das Escrituras acerca desse assunto e recortam a parte da fé cristã mais conveniente para militar sobre essa causa. Do outro lado, vemos discursos inflamados, muitas vezes desrespeitosos que, na tentativa de zelar pelas Escrituras, promovem um discurso de intolerância e, em casos extremos, até de violência.


Esse é um assunto que choca diretamente com o Evangelho. Vejo muitos cristãos hoje falando sobre aceitar e acolher, pois o Evangelho é sobre perdão. Eu concordo! Mas ele também fala de pecado, de arrependimento e de morte.


Não me parece democrático recortar uma parte da nossa fé ou modificar uma religião (que não prega violência) para atender a uma pauta. O Estado laico não é um Estado antirreligião, pelo contrário, é um estado que permite e zela pela liberdade de pensamento de todas as religiões.


Atualmente, só o fato de considerarmos biblicamente a homossexualidade e a identidade de gênero pecado já é considerado um comportamento homofóbico.


Precisamos nos posicionar com ainda mais sabedoria. Não é garantia de não sermos atacados e acusados de homofóbicos, mas é o posicionamento mais coerente com a fé que devemos ter.

Jesus nunca flertou com o pecado, mas também nunca nos orientou a sermos agressivos ou desrespeitosos com quem vive uma prática de pecado, muito pelo contrário. Ele acolhia e amava essas pessoas. Mas antes de se despedir, Cristo dava uma orientação clara (e muitas vezes esquecida por certos grupos cristãos): "vá e não peques mais".


“Nós não apenas cremos na existência da verdade, mas também cremos que nós temos a verdade — a verdade que podemos compartilhar nesse século. Você pensa que nossos contemporâneos nos levarão a sério se nós não praticarmos a verdade na qual dizemos crer? Numa Era que não acredita que a verdade exista; você crê que nós teremos qualquer credibilidade se não praticarmos a verdade?” (Francis A. Schaeffer).


Praticar a verdade envolve ser fiel tanto na defesa dos fundamentos da nossa fé, como na forma como a expressamos. Tem a ver com não se orgulhar do pecado para se sentir incluído em um grupo, mas também não usar da violência e do desrespeito para fazer valer a nossa voz.

A homofobia, além de pecado, é crime! Pessoas LGBTQIA+ precisam ser amadas e respeitadas. Se ficarmos mais incomodados com a orientação sexual ou identidade de gênero de uma pessoa do que com a violência que ela possa sofrer, estamos sendo, no mínimo, incoerentes com a nossa fé.


O apóstolo Pedro nos dá uma importante orientação sobre como devemos nos posicionar:

“Todavia, mesmo que venham a sofrer porque praticam a justiça, vocês serão felizes. "Não temam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados".

Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias. É melhor sofrer por fazer o bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal”. (1 Pedro 3:14-17)


As discussões acerca dessa pauta no meio cristão são delicadas, porém necessárias. Enquanto ainda temos nossa liberdade de expressão resguardada, que a utilizemos de forma sábia e coerente para falar sobre esse assunto com amor e respeito, mas sem abandonarmos o caminho da Verdade. Que nosso posicionamento dentro dessa temática seja coerente com nossa fé, apresentando o evangelho e expressando Jesus de forma plena e não fragmentada.



 

Luzia Gavina é professora e pedagoga. Casada com Bruno, é mãe do Calebe e do Estevão. Luzia é líder de jovens na Comunidade do Rei em São Gonçalo, Rio de Janeiro.

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