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Fraquezas Emocionais e Psicológicas e a Graça de Deus

Texto por: Mariana Baroni


Fotografia: Priscilla Du Preez


Em Gênesis 1, podemos contemplar a obra maravilhosa de um Deus que, em toda a Sua glória, também é um Deus relacional. Em meio à dança da Trindade, Deus cria o homem para Si e nele coloca não apenas a habilidade física, mas também a capacidade de sentir. Recebemos de Deus o dom das emoções para adorarmos profundamente o nosso Criador e nos conectarmos genuinamente com o nosso próximo.


No entanto, após a queda, todas as coisas foram distorcidas pelo pecado, e nossa mente e emoções também foram afetadas. Hoje, sentimos, pensamos e enxergamos a realidade como em um espelho embaçado (1 Co 13:12). A queda deu origem a muitas coisas pelas quais sofremos atualmente, e em um mundo repleto de estigmas sobre o que significa ser um bom cristão, pode ser desafiador acolher nossas fraquezas emocionais e psicológicas.


Em algum momento, você pode ter ouvido ou pensado que a depressão é a ausência de Deus ou que o transtorno de ansiedade é proveniente de uma fé fraca.

Frases como essas se tornam fardos pesados para um cristão que luta diariamente com esses transtornos e, ainda assim, anseia por permanecer em comunhão.


Já questionei o Senhor diversas vezes sobre essas condições psicológicas, não só em relação ao sofrimento psicológico dos meus pacientes, mas também às minhas próprias. E percebo que aos poucos, minhas orações se tornaram pequenos sussurros diários: "Senhor, somos fracos. Mas sei que Tua mão sustenta todas as coisas, inclusive todo o nosso ser".



E foi dessa forma, em meio à escuridão de pensamentos ansiosos e depressivos, que comecei a compreender a beleza da graça salvadora de Deus e a dura, porém doce, realidade de que nada do que Ele deseja ou planeja depende da minha própria força.


Deus usa pessoas fracas para cumprir e fazer parte de Seu bom propósito.

Um exemplo disso é a vida de Martinho Lutero. Do mesmo coração que jorrou a Reforma protestante, que mudou o curso da história da Igreja, também jorrou aquilo que ele mesmo chamava de "anfechtung": o tumulto interior e a angústia depressiva que o visitava quase que diariamente.


Em suas cartas, Lutero escrevia aos amigos: "Orem por mim, sou atormentado por um espírito de tristeza, ondas de dúvidas e angústia percorrem todo o meu ser". No entanto, seus companheiros testemunharam que sua fé não diminuía, mas crescia em meio às provações.


Anos depois, quando perdeu sua filha e estava em luto, Lutero escreveu o famoso hino "Deus é castelo forte e bom", onde declarava:


{Deus} Assiste-nos com sua mão, na dor e no tormento.


O rei infernal das trevas do mal, com todo o poder e astúcia quer vencer (...)


Minha força nada faz, sozinho estou perdido


Mas nosso Deus socorro traz,


E somos protegidos.”


Este não é um texto para que você se acomode na angústia, mas um lembrete, quase diário, de que mesmo em meio às suas fraquezas, o Senhor estará presente e continua sendo soberano.


Às vezes, Ele opera de forma milagrosa, e em outras, não se engane, Ele também usa a ciência (a medicina, a psicologia) para caminhar conosco no processo de cura. Charles Spurgeon nos lembra da soberania de Deus ao escrever que "cada partícula de poeira que dança em um raio de sol não se move um átomo a mais ou a menos do que Deus deseja".


Desperte a sua esperança, Ele não se esquece dos Seus. Lembre-se: a noite pode durar dias, anos ou, como no meu caso, décadas, mas estejamos contentes, pois a manhã virá e resplandecerá sobre nós, enxugando dos nossos olhos toda lágrima, toda morte, todo pranto, lamento ou dor, "porque as primeiras coisas já passaram" (Ap 21:4).


 

Mariana Baroni é casada com Rodrigo Napoli. Líder e implantadora da Igreja Imago Dei no interior de Minas Gerais. Psicóloga pós-graduada em Terapias Cognitivas Comportamentais pela PUC RS.

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