Texto: Joyce Viana | Fotografia: Maria Oliver
A morte está sempre se fazendo lembrada. Até mesmo nas redes sociais, onde vamos para fugir da realidade. Pensamos ser eternos aqui, mas somos finitos. Quando pensamos sobre isso, nos lembramos de que existe alguém além de nós mesmos, chamado "outro", e este passa a ter mais importância, porque também é finito.
A morte tem o poder de tirar um "raio-x" do nosso coração, revelar nossos medos mais profundos e onde está a nossa esperança. A morte causa arrepios em muitos de nós, em outros, reflexões. Não à toa as Escrituras dizem que é melhor estar na casa do luto (Ec 7:2).
Está escrito no livro dos Salmos "Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade.”(Sl 39:4). O Salmista pede ao Senhor que o lembre de sua finitude, a fim de permanecer em um lugar de vigilância e vulnerabilidade, totalmente oposto ao senso de grandeza e auto suficiência proposto por este século.
Muitos de nós ainda permanecem apegados à materialidade, com a mentalidade sendo guiada pelo príncipe deste século, susceptíveis às filosofias deste mundo para responder às preocupações com a morte.
Vemos muitos traços niilistas e existencialistas nas reflexões póstumas de grande parte das pessoas, incluindo alguns cristãos. Respondemos à morte com "aqui e agora", quando na verdade, somos ensinados por Cristo à respondê-la com "o Eterno a venceu".
É claro que devemos dar uma atenção especial ao nosso hoje, pois, de fato, é o que nos foi dado. Mas nós, o povo da ressurreição, sempre devemos partir do pressuposto eterno.
Por que eu amo hoje? Porque fui amado por Cristo eternamente. Por que me dôo hoje? Por que fui redimido por Cristo na eternidade. As verdades eternas fazem com que eu viva hoje intensamente.
Infelizmente, ainda falta esperança eterna a muitos. Em 1 Coríntios 15, Paulo trata deste fundamento da nossa fé, o fato de que Cristo ressuscitou e por isso nossa fé não é inútil. Pairava sobre os cristãos daquela época o pensamento de que não havia vida após a morte, sendo a morte um fim. Paulo rebateu esse pensamento com a convicção de que Jesus Cristo ressuscitou, sendo Ele a primícia dos mortos. Esta mesma certeza foi o combustível diário para que ele colocasse sua vida em risco por amor ao Evangelho.
Por que Paulo fazia isto? Porque ele não temia a morte, sabendo que ela não seria o seu fim, assim como não foi o fim de seu Mestre, e isto guiava a intensidade de sua vida.
Parecia até que Paulo estava dialogando com Friedrich Nietzsche, o filósofo que deu voz a este problema, o que declarou a "morte de Deus", logo, a inexistência de uma vida fora da metafísica. Curioso que logo após afirmar, quase que como uma resposta a Nietzsche, o motivo de sua fé, no versículo 33 e 34, Paulo diz: "Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. Tornai-vos à sobriedade, como é justo, e não pequeis; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; isto digo para vergonha vossa." Ou seja, Paulo alertava para um pensamento que estava se tornando comum no meio do povo, mas que não cabia ao povo da Cruz. Ele os chamou de volta à sobriedade, pois eles continham a esperança salvífica que muitos ainda não tinham.
Minha esperança eterna salva a mim e traz luz aos que me cercam. E esta é a importância de que eu mantenha viva a bendita esperança, de que Cristo deve ser lembrado na vida e na morte. Na vida, como Senhor, Redentor e Salvador. Na morte, como esperança de vida eterna.
Joyce Viana é designer e microempreendedora. Casada com Daniel, é mãe da pequena Isabel. Serve na Família dos que Creem, em Curitiba, PR.
excelente texto da querida Joyce, cultivar e guardar sempre me edificando com seus posts e artigos