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Revivendo a Páscoa


Texto por: Ana Staut | Fotografia: Junior Reis



A Páscoa é a celebração do sacrifício pascal e da décima praga, que selou o destino dos hebreus e dos egípcios. É a memória da redenção da escravidão no Egito, de Israel escapando das mãos de faraó pela poderosa mão de Deus.

É sob a comemoração desse resgate que Jesus partilha o pão e o vinho com seus discípulos, anunciando que seria traído e, depois, é entregue ao seu destino.

Com os atos de Cristo, a Páscoa é revivida, e o que antes havia sido anunciado, é cumprido.

O coração do Êxodo revela um Deus que salva seus filhos. Enquanto os israelitas eram apenas escravos aos olhos do faraó, o Senhor via Israel como seu filho primogênito, padecendo nas mãos de estrangeiros.


O Criador, então, arranca seu filho da terra da servidão e de seus ídolos, ativamente golpeando o império opressor para mostrar seu poder e glória ao resgatar o seu povo.


Durante a última praga, o anjo da morte ceifa os primogênitos do Egito, e os israelitas, primogênitos do Senhor, precisam passar o sangue do cordeiro em suas portas para serem poupados.

Todos estavam sob o risco de serem mortos pela justiça, e somente o sangue do cordeiro pascal os livraria da morte. É sob o sangue imaculado nos umbrais das portas que o povo pode partir e enfim adorar o Deus dos deuses no deserto.


Depois da libertação, o Senhor institui a “festa dos pães sem fermento”, uma liturgia intencionalmente criada para manter a celebração da Páscoa como uma memória viva no coração de Israel.

Há um motivo para esses ordenamentos divinos: memória é identidade.

Somos o que vivemos e recordamos, conscientes da temporalidade entre passado, presente e futuro, e essa amarração de memória, experiência e esperança dá forma ao que somos.


A morte e a ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o nosso passado, presente e futuro.

A Cruz é Israel sendo arrancado do Egito e de si mesmo, é o testemunho da graça de Deus, que nos arranca da miséria e escravidão do nosso próprio coração para corrigir nossa direção na jornada da vida.

Mas sabemos, seguindo adiante na narrativa do Êxodo, que o povo novamente se voltaria contra Deus ao sofrer de angústias no deserto. A verdade é que a promessa de Deus prevê libertação, mas também prevê dores e aflições, e a necessidade de perseverar até o fim.

Os sofrimentos e provações não anulam a promessa e soberania do Pai, mas moldam nossos desejos e expectativas.


Lembre-se disso: a memória nos faz reajustar o foco. Lembrar é preciso, e é por isso que celebramos a Páscoa todos os domingos em nossas igrejas.


A história da Páscoa é a história de redenção que constitui a identidade cristã, e precisamos estar atentos para ouvir e lembrar, todos os anos, todos os meses, todos os domingos, todos os dias e momento após momento, a mensagem do Cordeiro.


 

Ana Staut é escritora e artista plástica, autora do livro "Fortes e Fracos" lançado pela Thomas Nelson. Casada com Bruno, serve na Igreja Esperança em Belo Horizonte, MG.

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